sexta-feira, 8 de maio de 2009

Meia volta e a festa não começou.

Aqui, publico o que me passa pela cabeça, pelo coração. Não sei cumprir as promessas que faço a mim mesma. E depois dá nisto. Sorrir e gargalhar acompanhada, chorar sozinha. Hey, não quero que sintam pena. Apenas que não julguem quando não sabem de nada. Sinto que estou a esvair-me em tristeza, a isolar-me quado o que devia fazer era procurar ajuda e apoio. Sinto-me egoísta. Tanta gente a morrer à fome e eu preoucupada comigo. Mas a verdade é que para me dedicar a curar as feridas dos outros, as minhas têm que sarar primeiro.

Ninguém percebe que não são só pequenas lágrimas. Dentro de cada lágrima há uma memória, um sorriso, uma voz, uma cara conhecida. E saber que os sorrisos trocados não passaram de meras falsas esperanças...

Não vivi a minha infância, que foi trocada por frases duras e realidades cruéis que me tornaram forte o suficiente para aguentar toda a tempestade que surja. Fui treinada para isso. 'Menina bonita não chora'. Até que um dia... Houve um dia em que a carga estava muito pesada, muito mesmo, e eu desabei com tanto esforço exercido sobre mim. Tentei ser perfeita. Não consegui. Tentei ser inteligente, comportar-me como uma menina bem-educada, fazer tudo o que mandarem sem reclamar. Porque foi para isso que fui teinada. Para cumprir os desejos de cada um à minha volta. Tinha que ser tudo, ter todas as capacidades e qualidades do mundo num só corpo, e usá-lo para satisfazer a minha família. Um dia, a minha mãe estava irritada e quando eu fui ter com ela para lhe pedir qualquer coisa, ela começou aos gritos e deu-me uma estalada. O que doeu não foi a força da estalada, mas o facto de não haver motivo para tal coisa. Senti-me triste e irritada, como qualquer criança normal, e fugi para a arrecadação debaixo das escadinhas. Escondi-me lá a chorar no escuro, sozinha, até que a luz do sol invadiu aquela pequena casinha e eu ouvi a voz doce da minha avó. Eu abracei-me a ela, e continuei a chorar. Ela baixou-se e disse: 'shiuu! meninas bonitas não choram e as meninas desta família também não! Tu vais ser forte e portar-te como uma menina crescida e nunca vais chorar. Percebido minha querida? É que menina bonita não chora.' E pronto. Cresci depressa, tornei-me a menina dos olhos da família. Mas depois, tudo se foi modificando, eu cansei-me da perfeição.

Mas afinal, do que se trata? Para quê tanto choro? Não sei.

O meu coração é como um vaso.. Oh, maldito vaso que se parte como cristal!

Serão tentativas frustradas de deixar perfeito um vaso que se quebrou em pedacinhos.
Podemos até ter a paciência de colar caco por caco, mas lá no fundo, temos a certeza de que jamais voltará a ser a mesma coisa. Pois a magia da perfeição, nunca será recuperada. Preciso de terminar este texto, pois aquele nó na garganta que me acompanha desde que o meu coração foi ferido, insiste em permanecer aqui, e angustia-me cada vez mais.
Na minha opinião sou forte e sou fraca, mas sou uma pessoa.
Já tive forças espantosas, já suportei problemas e pesados fardos.
Detive felicidade, amor e opiniões.
Sorri quando me apetecia gritar, cantei quando me apetecia chorar, chorei quando estava feliz e ri quando tive medo.
O meu amor foi e é incondicional.
Cometi apenas um erro: Por vezes esqueci o quanto eu VALHO.

E esse erro faz com usem e abusem do meu coração.. Por mais que tente não amar, há sempre aqui um caco do vaso que parece querer colar-se sozinho. Mas como? Como se o amor é tão incerto, tão inseguro, angustiante, frustrante? E como pode ser possível não amar quando cada toque, sorriso, conversa, cada momento, é tão perfeito? Tudo isto corrói o meu coração; arde como se houvesse um incêndio para ser extinto mas nem toda a água do mundo consegue resolver o problema... E eu volto de novo à questão.. Para quê amar quando não há amor sem dor? Se estes sentimentos são tão diferentes, mas tão unidos?

1 comentário:

Nuno Gil disse...

"Serão tentativas frustradas de deixar perfeito um vaso que se quebrou em pedacinhos.
Podemos até ter a paciência de colar caco por caco, mas lá no fundo, temos a certeza de que jamais voltará a ser a mesma coisa. Pois a magia da perfeição, nunca será recuperada. Preciso de terminar este texto, pois aquele nó na garganta que me acompanha desde que o meu coração foi ferido, insiste em permanecer aqui, e angustia-me cada vez mais.
Na minha opinião sou forte e sou fraca, mas sou uma pessoa.
Já tive forças espantosas, já suportei problemas e pesados fardos.
Detive felicidade, amor e opiniões.
Sorri quando me apetecia gritar, cantei quando me apetecia chorar, chorei quando estava feliz e ri quando tive medo.
O meu amor foi e é incondicional.
Cometi apenas um erro: Por vezes esqueci o quanto eu VALHO."

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